Onde Estou Agora?
Se você fosse fazer essa viagem, que meio de transporte utilizaria?
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Dicas da Estrada Real para Futuros Viajantes
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Mensagem Final
A enquete colocada no blog tinha como principal objetivo fazer as pessoas pensarem sobre a possibilidade de percorrer um dia a Estrada Real, seja de carro, moto ou qualquer outro meio de transporte. Saber que muitos responderam a pergunta já é uma grande recompensa pra mim, pois consegui indiretamente fazer as pessoas refletirem um pouco a respeito.
A idéia original do blog era avisar minha família onde eu estava. Depois acabei inserindo o resumo sobre a Estrada Real com o intuito de propagar a existência dessa parte da história do Brasil para a maior quantidade de pessoas possível. Hoje penso como um histórico a mais sobre esse trajeto.
Espero que essas histórias inspirem novos aventureiros a conhecer os encantos da Estrada Real. De qualquer forma, sempre me preocupei em deixar dicas relevantes sobre cada um dos trechos para ajudar no planejamento de futuras viagens. Nos próximos dias colocarei uma postagem específica de dicas, englobando relatos técnicos importantes de cada trecho, sugestões de caráter geral e específico, como planejamento de hidratação e alimentação que utilizava, acessórios importantes para a bike entre outras coisas. Portanto, usem essas dicas no próprio planejamento e dêem bastante atenção às coisas mais óbvias. O sucesso de uma expedição está sempre nos detalhes.
Esse tipo de viagem em solitário traz um auto-conhecimento que nenhuma terapia ou psicólogo pode trazer por dinheiro nenhum no mundo. Estar solitário em situações de desgaste físico e mental ressalta nossos principais defeitos e qualidades de forma espantosa. Precisar dos outros para ter onde dormir, comer muitas vezes o que estiver disponível e não o que escolhemos comer são exemplos claros de situações que estamos expostos dia após dia. Nesses momentos reagimos da forma mais pura e transparente que existe. Se tivermos um pouco de percepção e estivermos abertos ao crescimento pessoal conseguimos agregar muito a nós mesmos como seres humanos.
Essa interação através do blog é muito bacana, principalmente quando se está viajando sozinho. É interessante saber durante o percurso o que as pessoas estão achando daquilo que você está vivendo. Nunca tinha pensado em criar um antes da viagem, mas hoje afirmo que foi muito positivo.
Estão esperando o quê? Coloquem a mochila nas costas e experimentem viver a própria aventura e ter um monte de histórias pra contar...
Agradecimentos
Gostaria de aproveitar para agradecer algumas pessoas que foram importantes para o sucesso dessa viagem:
- Minha família, por ter acreditado, apoiado e batido recorde nos comentários do blog... hehe;
- Comunidades locais de todas as cidades que passei por terem me acolhido de forma tão especial e solícita;
- Pessoal da RincosBike de Jundiaí (www.rincosbike.com.br) pela revisão e ajuda fundamental com a poderosa ;
- Amigos que me deram força antes da viagem, pelo blog, celular...
Os Top 10 do Caminho Velho
Melhor Momento: Chegada em Lorena
Pior Momento: Lama e mais lama entre Carrancas e Cruzília
Melhor Comida: Feijão Tropeiro
Melhor Pousada: Pousada das Candeias em Carrancas – MG
Melhor Vista: Baía da Ilha Grande
Melhor Cidade: Ouro Branco
Maior Personagem: Ronaldinho, guia de São João del Rei
Melhor Trecho para Pedalar: Entre São Sebastião da Vitória e Carrancas
Melhores Dicas para Cicloturistas: Fiquem muito atentos aos marcos da Estrada Real, muitos deles estão escondidos atrás de mato crescido.
A Aventura Chega ao Fim
O grande significado da viagem pra mim nunca foi completar a Estrada Real. Sempre pensei em percorrer essa estrada repleta de história, vivenciar tudo o que ela poderia me oferecer, aprender com os outros e crescer como ser humano. Posso afirmar que tudo isso ela me trouxe. Mas terminar era algo do qual eu ainda não tinha parado pra pensar. Pode parecer engraçado mas dormi os últimos dias da minha vida planejando o próximo. A única certeza que tinha era que queria chegar ao outro extremo do trecho mas não fazia a mínima noção de como isso aconteceria. Não sabia quem encontraria, como estaria o tempo, se conseguiria completar o planejado ... tudo era incerto. Hoje tive de volta a sensação do certo, do esperado.
Até a cidade de Cunha longas subidas tomaram conta do percurso. Já tinha feito o percurso até Paraty outras vezes então tinha boa noção de dificuldade e ritmo que deveria seguir. O trecho mais complicado é entre a cidade de Cunha e a Divisa dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Subidas longas, pernas já cansadas e muito, muito sol. O dia mais quente de toda a viagem. Tomei dois litros de água em 30Km de pedaladas de tanto calor que fazia. Até que vi a placa de sinalização da divisa (foto ao lado). Daí em diante, só downhill. O melhor disparado da Estrada Real. O trecho de descida é de terra e tava muito molhado, o que deu mais emoção ainda. Cada quilômetro pra baixo, um quilômetro a menos do total.
Após muitas “quase-quedas” chegou o asfalto e a viagem entrava em contagem regressiva. Foram as pedaladas mais duras até aqui... as pedaladas da despedida. Diminuí o ritmo só pra poder atrasar um pouco... hehe... mas ela chegou, como tudo a viagem também teve seu fim. Pedi pra um local que passava de bicicleta pra tirar a última foto da viagem (ao lado).
Foi algo inesquecível pra mim e garanto que vocês vão se cansar de ouvir histórias da Estrada Real nos próximos meses... hehe...
Agradecerei sempre por tudo ter dado tão certo como aconteceu.
Até a próxima!!!
Espero que aproveitem esse relato para construírem suas próprias aventuras e dividirmos histórias juntos.
Qualquer dúvida, pedido, dica ou crítica por favor enviar e-mail para lmtoledo_lorena@yahoo.com. Terei enorme satisfação em compartilhar meus aprendizados e ouvir críticas e sugestões.
O Bom (?? hehe) Filho a Casa Torna!!!
Trecho: Itanhandu - Lorena Distância: 79Km Subidas: 300m
Saindo de Itanhandu, peguei uma estrada de terra para Passa Quatro que margeia a estrada principal de asfalto entre as duas cidades. Estrada batida e tranqüila, com poucas subidas. Chegando em Passa Quatro, atravessei a cidade e tomei um caminho de terra com uma subida longa no início e uns 8Km de sobe e desce até a divisa dos estados de Minas Gerais e São Paulo (foto ao lado), onde inicie o trecho de descida da famosa Garganta do Embaú. Esse trecho de planalto era bastante temido no ciclo do ouro, já que era muito cansativo tanto na subida como na descida para os bandeirantes e seus animais de tropa. Da divisa dos estados até a Vila de Embaú (cidade de Cruzeiro) refiz uma trilha aberta pelo índios Guaianás, descoberta em 1560 por Brás Cubas. A trilha vai zigue-zagueando a Serra da Mantiqueira por 12Km, com uma vista panorâmica incrível do Vale do Paraíba. Sem dúvida foi um dos trechos mais bonitos de toda a viagem, ainda mais por saber que em alguns quilômetros estaria com a minha família. Da Vila de Embaú segui para a cidade de Cachoeira Paulista e 15Km depois estava em Lorena.
É muito bom rever a família depois de tanto tempo longe e com tantas histórias arquivadas. Sem contar que comida de mãe não tem igual no mundo, ainda mais depois de quase 80Km pedalados... hehe...
Inté!
Ita ... o quê?
Saí de Cruzília as 7AM com a missão de antecipar um dia a minha viagem e chegar em Lorena no domingo, quando toda a família estaria em casa. Para isso teria que pedalar 40Km a mais que o planejado para o dia, já que em princípio iria parar em Pouso Alto.
O dia ajudou muito. Fez sol na maior parte do dia e chuviscou pouco. Quase todo o percurso foi um sobe e desce de morros que compõe a Serra da Mantiqueira. Lindas paisagens com florestas de araucárias e muita mata preservada, sempre cruzando nascentes e cachoeiras. Foi um trecho tranqüilo de pedalar. Quando cheguei em Pouso Alto fiquei com bastante vontade ficar por lá pra falar a verdade, mas tava me sentindo bem e queria muito chegar em Itanhandu naquele mesmo dia. Então respirei fundo e pedalei tudo que podia. Os 5Km finais foram sofridos mas como sempre dizia pra mim mesmo durante a viagem “uma hora tenho que chegar!” e no meio da tarde aconteceu... hehe... cheguei em Itanhandu. Comi uma bela truta e já me senti renovado de novo, pronto para o dia seguinte.
É engraçado como o nosso organismo se adapta rápido a rotinas tão diferentes. Normalmente faço atividade física pela manhã, tomo café, vou trabalhar, almoço e janto. Há duas semanas tenho uma rotina totalmente diferente, com atividade física quase o dia todo e duas refeições completas (café e jantar). Mesmo assim, noto que o meu corpo já se acostumou a essa nova realidade e imediatamente após terminar o pedal começo a comer tudo que vejo sem parar até ir dormir... além disso a digestão dos alimentos ocorre muito mais rápido do que antes. Minha adaptação foi tão boa que emagreci muito pouco durante a viagem e não tive dores musculares nenhum dia, o que é raro depois de tanto tempo. Nessa viagem aprendi que planejar a alimentação e hidratação é muito mais importante que o roteiro em si. Com boa situação física somos capazes de suportar trechos mais longos e duros com uma recuperação muito mais rápida, o que é fundamental para uma expedição desse porte.
Grande abraço!